Tuesday, February 27, 2007

Tomo alguma coisa: Em que durmo em um quarto de hotel muito ruim (mas não percebo)

Era uma bela sexta-feira de fevereiro como qualquer outra, com uma diferença: havia um diplodocus no quintal. E a família De Lima Saraiva iria entrar dentro de um carro excessivamente grande e ambientalmente incorreto para chegar na terra prometida de Massachusetts.

O plano era começar a viagem logo depois que a minha irmã chegasse da escola. Mas atrapalhados como somos, demoramos mais de um hora depois da minha irmã chegar, acho até que mais de duas horas. Possivelmente três. De fato, talvez ainda não tenhamos saido e tudo desde aquela sexta-feira de fevereiro como qualquer outra foi um sonho incrível (não tão incrível, apesar de ser incrível aplicar o famoso "Era tudo um sonho" para um conto cuja parte mais emocionante é provavelmente uma noite passada botando dinheiro em cima de um pedaço de plástico).

Bem, saindo atrasados como saimos, logo percebemos que havia pouca chance de chegar em Massachusetts no mesmo dia, e ficar em um hotel barato seria inevitável. A situação só foi piorando: antes de chegarmos em Baltimore (em outras palavras, logo depois de sairmos de DC) tinha um engarrafamento que faria um "No babylon please!!" ressoar pela mente de até mesmo o mais ávido entusiasta de automobilismo estático, e algumas horas depois nos perdemos na confusão rodoviária que é a área perto das entradas de NYC. Logo nós atravessamos uma ponte e estavamos prontos para virar um filme da sessão da tarde: "Uma Viagem da Pesada 4: Uma Família Brasileira em Nova York". Até o final do filme, com a ajuda de um orangutango paraquedista, nós teriamos derrotado uma gangue de mafiosos composta por um chefe velhíssimo, o seu filho ou segundo e comando que faria o tipo wiseguy malandro que é psicopata, uma horda de mafiosos genéricos e 2 mafiosos desengonçados que ou viravam do bem no final ou eram presos de forma humilhante (pendurados pela cueca numa cerca, entalados num bueiro nojento ou numa carrocinha de cachorro quente, etc...).

Bem, agora que todos os Scanuzzis estavam enjaulados e Bogo tinha voltado à sua floresta natal depois de uma despedida sentimental que no fim dava corda para uma sequência barata, achamos o caminho certo e saímos, finalmente, de nova york. Já era tarde, porém, e no sudoeste de Connecticut decidimos que era hora de parar. Tentamos uns 3 ou 4 hoteis de beira de estrada diferente, mas todos eram ou muito toscos ou muito caros, e logo chegamos em um que parecia ser de boa. Pouco a pouco, porém, foi parecendo menos de boa. A arquitetura era meio estranho, com os quartos no andar de baixo dando direto pra rua, mas nós ficamos no andar de cima. Minha mãe logo começou a reclamar que era "exatamente o quarto de motel em que as pessoas são encontradas mortas nos filmes." A minha irmã está viciado em CSI (e em Grey's Anatomy e outras séries), então ela logo começa a comentar sobre cenas parecidas no CSI. Tudo isso, porém, pouco me afetou, pois eu estava cansado o bastante para ler um pouco de bíblia-de-hotel (era uma edição incrível), tomar um banho rápido e dormir. Meus pais e minha irmã reclamaram muito do quarto: ele estava frio demais, e depois estava quente e abafado demais, o aquecedor soltava um ar que tinha um cheiro estranho, etc... Mas eu não percebi nada. Mesmo tendo dormido depois dos meus pais (eu tomei banho por último), eu não me incomodei com nada durante a noite e dormi bem (mas pouco). Quando acordei, tinha o "Free Continental Breakfast" composto por um bagel e um suco. Mas tava passando King Kong na TV lá, e eu tava me divertindo até que minha mãe pediu pra abaixar o volume. BOOO.

Tomo num sei das quantas mais um: Em que recebo uma educação sobre o conceito de "animal" dos leste-asiáticos.

Acordamos cedo, e logo estamos chegando no verdejante (meio esbranquejante nesse dia por conta da elegante neve) (ante) estado de Massachusetts. Primeiro fomos visitar a gloriosa cidade de Northampton, um lugar agradável ao extremo onde as pessoas andam na rua e vestem roupas descoladas e cantam sobre cocaina na calçada. Até vi pessoas com moicanos. Logo que chegamos lá percebemos que o dia estava ótimo (note como sou mais irado que os outros e estou sem casaco) e decidimos andar por aí em lojas interessantes até encontrarmos os amigos que esperavamos. É óbvio que as lojas que achavamos interessantes eram obviamente diferentes: a minha mãe e irmã logo entraram numa loja de sapatos para achar botas. Existem 3 coisas que eu gosto menos que lojas de sapatos e todas as três são inapropriadas para um blog que pode potencialmente ser lido pelos meus avós. Meu pai logo me lembrou que havia em Northampthon um museu de quadrinhos. Eu corri loucamente por aí tentando achar, mas aparentemente havia sido fechado. Rest in Peace, museu dos quadrinhos. Você certamente era muito irado, apesar deu ter apenas memórias fracas de você. Depois disso me contentei com uma ótima loja de livros usados (para compensar, comprei um livro sobre quadrinhos, entre outros) e com uma privadinha confortável para despreocupadamente despejar os restos mortais de um free continental breakfast sobre uma piscininha de água sem sorte.

10 minutos depois, um Diogo um quilo mais leve tem sua atenção dirigida pela Gul, uma amiga nossa da Turquia que foi recentemente pro Brasil por alguns dias, para um loja descolada de música. Era super legal, mas as coisas com as melhores relações de barato/legal eram em vinil, e eu infelizmente não tenho uma vitrola aqui (POR ENQUANTO)(ASSIM, TALVEZ POR ENQUANTO. EU NÃO SEI PREVER O FUTURO, ACREDITE OU NÃO). Mas a loja era descolada ao ponto de botar Minor Threat pra tocar logo depois deu pegar uma compilação da Dischord na minha mão. Eu não vou tentar explicar a significância disso para quem não sabe (basicamente todo mundo que está lendo), mas podem ter certeza que é uma coincidência bonita de deus. Eu me senti meio idiota comprando a compilação (mais um disco do Fugazi mais um disco do Boris com Sunn O))) ) em Northampton, pq eu moro perto de onde eles ficam e tal, mas foda-se, queria ter o que ouvir no carro.

Um ou dois andares acima da loja de discos, encontrei meus pais + amigos e juntos curtimos um almoço com muita gente bonita, diversão e alto astral. Eu logo depois me senti menos idiota pois o discarte super-duper-fera da compilação da Dischord foi fonte de entretenimento para muitos. Esse cara olhando o encarte junto com o meu pai é o Bob, e um mero olhar em sua direção já deve ser o bastante para vocês todos perceberem que ele é über-ferócimus. Se um olhar não bastar, você obviamente não sabe nada sobre barbologia e eu não quero ser mais seu amigo. Pare de me mandar cartas no natal!! Eu não vou responder suas mensagens patéticas na minha secretária eletrônica!! Quantas vezes preciso diser isso para você??? Não, eu não quero ir pro churrasco no domingo, e pouco me importa se aquela sua prima vai est

Apesar de toda a diversão que tivemos em Northampton, eu e minha irmã decidimos ir logo para Worcester porque eram poucos os dias que iamos ficar por lá. Nos separamos logo depois de uma curta viagem de ônibus, e eu fui pra casa do bom e velho Sam, onde descobri que o irmão dele, que a poucos anos eram um nerdzinho baixinho e pálido era agora um nerdzão forte pra caralho, e vi um vídeo dele ficando em segundo lugar em um torneio de luta livre greco-romana... no seu primeiro dia praticando luta livre greco-romana. De fato, o ex-nerdzinho era foda ao ponto de estar treinando com um lutador do UFC, Gabriel Gonzaga, um brasileiro que mora lá em Massachusetts, que eu já tinha visto num madrugada na ESPN2. Mas isso não é o mais impressionante: aparentemente, o Benjamin ficou foda o bastante para derrotar o tal cara que tem 3 vitórias e 0 derrotas na UFC (7-1-0 mixed martial arts) E é bem mais pesado que ele... todas as vezes que eles treinam! E logo depois deu absorver toda essa informação, o tal Benjamin acaba sua sessão de matança-em-primeira-pessoa-pela-net lá em cima, desce, e me fala, com um gigante sorriso na cara:

"I heard you wanna grapple?"

Eu admito que a estória seria muito mais emocionante e cômica se eu tivesse aceito. Mas eu, infelizmente para os 4 leitores desse blog, tenho medo da morte, ou mesmo da possibilidade da minha cara ser esmagada alternadamente entre o chão, as coxas e o sovaco de um titã que era um mero girino raquítico e judeu há poucos anos. (Ele ainda é judeu hoje.)

Depois disso eu e mais 3 amigos fomos comer GWP (generic worcester pizza) e falar sobre os acontecimentos mais importantes desde a minha última visita, para depois irmos jogar boliche. Mas não era um boliche qualquer!!! Era um boliche estranho em que as bolas são pequenas o bastante para serem seguradas dentro da mão, mais que duas vezes menores que as bolas de boliche normais. Os pinos também são estranhos. De uma maneira ou de outra, é bem divertido, mas eu achei bem mais difícil também que boliche normal. Aparentemente é um estilo antigo e venerado de boliche, chamado Candle Pin Bowling, tradicionalmente jogado em New England e nas partes próximas do Canadá.

Depois do boliche, cada um iria para um canto, mas o Nhan ainda tava no trabalho então eu decidi seguir o Sam que ia no cinema... o dilema, porém, era que ele ia com... UMA GAROTA!! TAN-DAM!!! Mas aparentemente não era um "date" nem nada assim, mas mesmo assim eu fui ver outro filme que eles (eu já tinha visto o Blood Diamonds, que eles queriam ver, e fui ver The Last King of Scotland, que foi legal e também estranho porque eu vi o começo do filme sozinho no cinema, e depois de uns dez minutos entraram dois moleques e sentaram mais pra frente num lugar que não dava preu os ver, então era como se eu tivesse sozinho).

Bem, pode parecer uma noite cheia... MAS A DIVERSÃO SÓ ESTAVA COMEÇANDO!! Depois do filme, finalmente iria encontrar os meus dois bons e velhos amigos Nhan e Scott. Depois de momentos emocionantes encontrando o Nhan em um estacionamento de madrugada, fomos pegar o Scott na estação, o que rendeu mais momentos emocionantes em um estacionamento de madrugada. Logo descobri que era ano novo chinês, e que os vietnamitas, sendo os sem-cultura que são, imitam os chineses e fazem coisas tradicionais como comer comida boa porém duvidável e, mais importante, JOGAR JOGOS DE APOSTA!! Não há um leste-asiático que não adore perder um dinheirinho em jogo.

Então é isso que fomos fazer. Foi dito para mim que tava rolando uma festa na casa de um amigo vietnamita do Nhan, e logo chegamos na casa dele e... a festa já tinha acabado. Mas tudo bem! Contando a namorada do Nhan, que já tava lá, eramos 5 pessoas, mais do que o bastante para participar do venerável jogo asiático "Bote seu dinheiro em cima de um pedaço de plásico com desenhos que representam os lados de um pequeno grupo de dados." O jogo funciona assim: tem um pedaço de plástico com desenhos de 6 animais importantes para a mentalidade coletiva mística dos chineses e imitões: A Rena, O Galo, O Carangueijo, O Camarão, O Peixe e...A Garrafa de Vinho. Sim, a garrafa de vinho. Eu só arrisquei perguntar o que era aquilo depois de umas 2 rodadas de jogatinagem, e esperei ainda mais umas 3 ou 4 rodadas para perguntar o porque daquilo. A melhor resposta que tive é que era uma garrafa de vinho "como a de Buda." O que obviamente a qualifica como um objeto pertencete a mesma categoria dos outros. Talvez na China eles sempre gostem de botar um elemento educacional nos seus jogos de aposta viciantes, emulando um daqueles exercícios em que você tem que excluir a imagem que não pertence com as outras.

De uma maneira ou de outra, o jogo funciona assim: são 6 "animais", e cada um tem um lado em cada dado. São 3 dados. Você bota seu dinheiro em cima dos "animais". Se sair um dado com o seu animal, você ganha o dobro do que você botou. Se sairem 2, você ganha o triplo. Se sairem três, o quadruplo. Assim, com apostas estratégicas (quase sempre nos animais mais carismáticos - a rena e o caranguejo) eu consegui fazer com que meus 3 dólares iniciais virassem 18 dólares! Sim, senhoras e senhores, eu sextupliquei o meu dinheiro. E diria mais. Com apostas ainda mais estratégicas que as primeiras, consegui o incrível: perdi todo o meu dinheiro. Fiquei sem nenhum tostão. Aprendi duas lições:

1) Essas jogatinagens realmente sempre fodem com você!
2) No fim, gastar 3 dólares para ter 2 horas de jogatinagem emocionante com asiáticos diversos não é um preço nem um pouco alto (ainda ganhei refri de graça).

Depois da jogatina, todos se despedem e eu, o Scott e o Nhan vamos para casa do Nhan, e logo que chegamos lá, dormimos imediatamente como bons garotos de família.... IN YOUR DREAMS!! Como nós somos rebeliosos e anárquicos, decidimos jogar... NINTENDO WII (e jogar ovos em casas aleatórias gritando "Sux teh sistm lol!!"!!! Infelizmente, estavamos realmente exaustos, e um PB&J, um leite+cereal e uma unidade de 30 minutos gasta jogando Wii Sports, todos capotamos imediatamente. É o que eu vou fazer agora também, pois já são 4 da manhã e hoje foi um dia magno-cansativo. E eu estou puto: só cheguei no meu primeiro dia de viagem em Massachusetts!! Tenho mais um milhão de coisas para cobrir! Eu não sei o que me faz pensar que detalhes minuciosos de cada hora de cada dia são necessários cada vez que eu escrevo aqui, mas eu certamente penso isso.

Para acabar com uma nota de esperança no nosso coração:

Saturday, February 24, 2007

Bem, mil coisas interessantes aconteceram desde a última vez que escrevi aqui, incluindo uma viagem à minha segunda terra natal (sim, eu nasci lá também). Mas em vez disso, só vou postar um quadrinho aleatório. Prêmios marasmatrônicos para quem achar o quadrinhos tão engraçado quanto eu achei.

AQUI

Tuesday, February 13, 2007


THE MAXX

Eu uploadei outro dia a série toda em quadrinhos do The MAXX para o Kashi, então decidi jotalizar aqui também.

The MAXX é, de longe, a série mais incrível a sair na Image. É incrível em muitos sentidos, o primeiro sendo que ela tenha saido na Image. Na época que a Image saiu, eu (e a maioria dos outros moleques que gostavam de quadrinhos na época) a adorava por conta de seus quadrinhos violentos, altamente descolados, com caras mais muscolosos e minas mais gostosas que os da Marvel ou DC. Hoje, a grande maioria das coisas que eu achava legal na época eu vejo como um lixo total: se a maioria dos produtos da Marvel e da DC já estavam mal, a Image não fez nada para aliviar. Era meio que um suprassumo do quadrinho dos anos 90, tudo tinha que ser radical e extremo e tudo mais. Haviam, porém, duas exceções: Spawn e The MAXX.

O Spawn é bem conhecido e não precisa de introduções: apesar da arte me incomodar de vez em quando (talvez por me lembrar demais dos outros quadrinhos da Image), as idéias do McFarlane eram boas, de vez em quando ótimas, e também ajuda que algumas estórias do Spawn foram escritas por autores lendários como Alan Moore, Neil Gaiman, Frank Miller, Grant Morrison e Dave Sim. Já o The MAXX não obteve tanta fama, mas a razão para isso é clara: apesar de The MAXX também ter um herói musculoso e algum grau de violência, está longe, muito longe de ser um quadrinho mainstream. É a saga de um mendigo que acha que é um super-herói, e de sua amiga Julie Winters, que apesar de algumas das roupas mais "descoladas" está longe, mui longe de ser uma personagem normal de quadrinhos estilo Image. Tanto a arte quanto o roteiro não tem medo algum de sair dos padrões aceitáveis e esperados para contar bem a estória , e ambos são feitos com maestriapelo incrível Sam Kieth (com ajuda de William Messner-Loebs e de Alan Moore em algumas edições). Não vou contar mais nada do plot, mas eu asseguro que só vai ficando melhor.

O link NOVO e FUNCIONAL pra baixar os quadrinhos:
http://you-love.net/download/8b9d6860664/Maxx-Comics.rar.html

O programa necessário para ver esses quadrinhos é o CDisplay.

The MAXX também tem uma série animada. TInha ela toda no youtube, mas aparentemente tiraram. Triste... talvez eu uploade ela algum dia quando tiver com saco! E tem fácil pra baixar em torrent no isohunt ou torrentz.

Monday, February 12, 2007

OK, esse saiu grande. Pode parecer estranho, mas tenho que aprender a resumir com o Grande Danilo.

Tomo o Segundo: Em que falo sobre as diferenças entre a China e o Mundo Real.

Apesar deu ter passado boa parte do tempo entre o último post e esse em casa lendo Anansi Boys e Sandman e jogando PS2 (eu conquistei um terço da China), muitas coisas aconteceram desde a última vez que eu escrevi, sem contar antes deu ter escrevido, e até durante o período em que eu escrevia. Eu até fiz notas mentais sobre vários eventos cômicos, ou eventos de profundeza filosófica, mas infelizmente a minha mente anda muito preocupada com a conquista da China, e tenho que lembrar dos nomes exóticos de centenas de cidades e pessoas, então boa parte desses eventos nessa farsa que as pessoas insistem em chamar de "mundo real" tiveram que ser esquecidos para acomodar ao mundo mais simples e belo da China entre 182 e 250 depois daquele cara lá, aquele barbudo que foi enforcado na cruz. Aqueles que habitam o tal mundo real não conhecem a beleza de uma existência guiada inteiramente por menus e caixas de texto elegantes que controlam tudo desde a conquista sangrenta das planícies centrais da China até uma noite de bebedeira com um amigo. De fato, é possível que as pessoas que habitam o plano material conheçam os prazeres de realmente sair com seus amigos para beber, ou de tirar um fim de semana para casualmente trucidar as forças do ardiloso Cao Cao. A diferença, meus amigos, é que na vida real:
1) Você estaria realmente bêbado, e todos sabemos as besteiras que bêbados fazem, dizendo que amam todo mundo e vomitando dentro das gavetas de talheres de seus amigos de longa data.
2) Se você ainda estiver bêbado quando for enfrentar Cao Cao, é bem provável que você perca, afinal, ele realmente é ardiloso. O pior, porém, virá na hora que você, um grande lorde soberano de Shang Ping ou Li Ma ou algo assim, for julgado pelo lendário comandante, guerreiro e senhor do Reino de Wei. Ainda completamente bêbado. Imagine a expressão de desgosto e vergonha que passará pela cara de todos os generais presentes quando você balbuciar "Apesar de tudo, Caozim, eu ainda te amo cara... Tu é muito bróder. I lov..." a última frase sendo interrompida por um daqueles arrotos nojentos que saem com um pouco de vômito, vômito esse que serve como estimulo para uma verdadeira corrente fluvial de líquido alaranjado, decorado aqui e ali e por pedaços de alface semi-digerida e um ou outro amendoim milagrosamente inteiro.

É, amigo. O mundo real não é tudo aquilo que eles dizem. Mas mesmo assim, decidi me aventurar por ele algumas vezes nessas últimas semanas, e aqui estão os relatos de alguns desses momentos.

Tomo o Terceiro: Um (três) guatemalteco (chileno-brasileiro)(s) em Nova York (e Washington DC).

Na minha festa de despedida aí no Brasil, o Diego (Barrios) me deu boas notícias: ele, o Ale e a Pamela iriam vir aqui pros EUA, para visitar Nova York e DC, uma semana e pouco depois de eu chegar aqui! Foi uma beleza, até porque eu mal tinha o visto no período imediatamente anterior a minha ida, devido à sua viagem para as terras mágicas de Cumuruxatiba, onde os pastéis são italianos e gostosos a beça. Na primeira semana que eu estava aqui, eu tentei entrar em contato com o Diego pelos meios mais variados, e invariavelmente falhei, até que consegui falar com o Alejandro e assim consegui o telefone dos lugares onde iam ficar em NYC e em DC. Mesmo assim, o contato com eles em Nova York foi difícil, pois não sabia o sobrenome que a Pamela tinha usado para registrar os quartos (acabou sendo Diaz) e o Ale, quando me mandou o número do quarto, me mandou o número errado. Assim, acabei nem indo para NYC para fazer coisas com eles, apesar de ter conseguido falar com eles nos últimos dois dias deles lá, e acabei por esperar eles aqui. Acabou que no primeiro dia, não saimos pois eles chegaram tarde aqui, e os moleques nem conheciam essa prima da Pamela e a família dela, então ficaram lá se conhecendo, como bons familiares podem e devem fazer.

No dia seguinte, a gente (eu, Diego, Ale, Pamela) foi andar pelo Mall, a parte central de Washington onde ficam boa parte das coisas famosas: O obelisco gigante e aleatório, o capitólio, altos museus, e ali do lado a Casa Branca. A gente passou um bom tempo no Air and Space Museum, que é bem interessante, e vimos um filmezinho aloprado sobre colisões espacias no planetário, e também passamos na frente de todos os prédios famosos citados ali em cima, e depois fomos cada um para a respectiva casa, para se aprontar para a NOITADA EXTREMA.

OK, nem tão extrema. Mas a gente ia sair aleatoriamente por Washington tentando achar o que fazer. Primeiro, encontrei os moleques em um Hookah Bar em Georgetown, um lugar cheio de pessoas ricas com frio e alguns bares de jazz interessantes porém caros, então decidimos ir nessa para outro lugar. Primeiramente, iamos a uma festa de Hip-Hop e Jungle no outro lado da Cidade, mas tava bem tarde, já, e meu pai disse que a área era meio barra pesada, então no fim decidimos ir pra outra área-aleatória-com-coisas-para-fazer-a-noite, em volta do Dupont Circle. Aqui que entra a parte mais extrema da noite, seguida pela segunda parte mais extrema, e logo depois pela terceira parte mais extrema, após a qual os eventos ficaram bem mais centrados e comuns. Decidimos, antes de chegar no Dupont circle, que queriamos comer uma pizza barata e gigante. Mas, andando por esses arredores, não conseguimos achar nada aberto que se acomodasse às nossas especificações, e quase que a gente desiste e entra num subway, mas a força de vontade venceu contra o vento gélidos das montanhas nekkroinvertidas do norte, e nós seguimos adiante. Logo, passamos um lugar que eu reconheci, um bar/strip club que a Tina, ao passarmos na frente dele outro dia desses, tinha dito que era "the seediest and most disgusting strip joint in town", e decidi comentar isso com os moleques. Logo que eu havia acabado de ouvir isso, ouço uma voz gritando "Diogo!", e eis que dentro de um carro do outro lado da Rua está a Tina, agora já dizendo "You crazy motherfucker! What are you doing?" Logo expliquei minha situação, e ela nos levou para uma rua no bairro dela onde tem várias coisas acontecendo a noite, inclusive muita pizza, e nos deixou lá enquanto ia deixar ao carro em casa. Mas agora ao assunto importante: a pizza.

Andando na rua, vimos logo mais de um pequeno estabelecimento com placas de neon dizendo "Giant Slice" e "Authentic New York Style" e coisas do tipo na frente. Fomos logo nos adentrando na pizzaria mais próxima, e todas nossas rezas foram atendidas. Infelizmente, não tinha uma câmera, mas posso afirmar com categoria que cada fatia de pizza era pelo menos desse tamanho, e com uma aparência bem mais apetitosa:


Cada um de nós comeu duas fatias e ficou razoavelmente satisfeito, e, depois de não conseguir falar com a Tina (ela tinha esquecido o celular no carro), a gente foi andar na rua para ver o que tinha pra fazer. Infelizmente, uns 10 minutos depois de termos começado a andar pela tal rua da noitada, o Alejandro começou a passar mal, tanto que mal conseguia andar, então fomos lentamente subindo de novo a rua, passando no caminho por mais lugares com pizza gigante, inclusive um que tinha um disco ball e música bombante e tudo mais, onde o Alejandro tentou usar o banheiro que, infelizmente, era inexistente. Voltamos então para a primeira Pizzaria, onde o Alejandro tentou novamente usar o banheiro (não era adequado para o que ele tinha de fazer), e onde ficamos esperando ele e comendo mais uma fatia de pizza enquanto ele ia no bar que ficava do lado da Pizzaria. Uns 20-25 minutos depois, tendo se livrado sua aflição com a cura mais velha conhecida pelo homem, Alejandro emerge triumfante do bar, e decidimos que depois desse evento, já é hora de voltar para casa (e também já eram mais de 2 da manhã). Mais uma caminhada no frio, quase nos perdendo algumas vezes, e achamos a estação de metrô mais próxima, voltando para as nossas respectivas casas.

No dia seguinte, eles a princípio viriam aqui para a minha casa, e andariamos aqui pelo bairro, mas infelizmente não rolou, então acabei indo prum jantar delicioso na casa desses parentes deles. Conheci várias pessoas que eu não me lembro o nome, e o primo deles, Vittorio, que pintava bem pra caramba e tinha idéias vagas sobre um jogo de Star Wars que ele iria propor para a Lucas Arts que seria, de acordo com ele, sem dúvida o melhor jogo de todos os tempos. Depois do jantar, assistimos Fearless do Jet Li, e logo depois chegou a hora das despedidas e abraços e frio. E é isso... não fizemos nada de muito emocionante, mas foi bem divertido, como qualquer coisa é quando você está acompanhado pelos irmãos Barrios.

Tomo o Quarto: Em que a frase "fuck this shit" é dita pelo menos 63 vezes.

Certamente já devo ter mencionado aqui no blog (ou não, e to com preguiça de checar) a família Canuto, também conhecida como "a família do chefe do meu pai". Bem, tenha eu mencionado ou não, eles são as pessoas com quem a nossa família mais se enturmou até agora (com exceção da minha irmã, que também tem altos amigos da escola). Todo fim de semana a gente faz alguma coisa junto, ir jantar, esse tipo de coisa. Bem, no sábado eu estava sem ter o que fazer então decidi ligar lá pros Canutos pra gente fazer alguma parada, e decidimos ver filme na casa deles. Eu trouxe uma porcalhada de filme, mas ninguém se animou pra ver nenhum, então ficamos um bom tempo vendo UFC e outras lutas cabulosas, até que eu e dois dos Canutos, Pedro e Otávio, decidimos ir pro Cinema (ninguém mais se animou e a minha irmã foi pra casa). Ah, talvez eu devesse apresentar rapidamente cada Canuto:
Otávio: O mais velho dos Canutos que eu conheço (sem contar os pais, claro), ele tem 24 anos e trabalha como mecânico por aqui.
Pedro: 19 anos, estuda numa universidade em West Virginia, terra de filmes de terror e cidades estranhas cheias de pessoas que casam com a prima (no mínimo). Toca guitarra e parece com uma mistura do Márlon com talvez o Kashi e mais elementos misteriosos.
Luiza: 16 anos, estuda numa High School lá em Bethesda, toca baixo, faz fotografias e pans.
Lucas: 16 anos também, estuda na mesma high school que a irmã, toca batera (bastante bem!), e está doente a mais de uma semana.

Já eram 11:45 quando nós decidimos ir pro cinema, então tivemos que ir pra Rockville, que é mais longe, pois só lá tinha uma sessão num horário que ainda rolasse de pegar. A gente decide ver The Messengers, e já dava para ver de antemão que tipo de filme era: terror hollywood-iano de baixo orçamento (para um filme de hollywood) que vai em qualidade de tenebroso até aceitável. A gente consegue chegar lá um tempo antes do filme começar, e, conversando sobre o novo filme do Motoqueiro Fantasma e do 300 de Esparta, descubro que o Otávio tinha mais de 2,000 revistas de HQ, mas que tinha vendido quando veio pros EUA, a quatro anos atrás, pra poder ter um dinheiro quando chegasse aqui. É claro que há uma boa sensação quando você descobre que está entre camaradas de quadrinhos, especialmente quando eles não são aqueles nerds de quadrinhos obsessivos e estranhos que aparecem de vez em quando e falam com uma voz meio amedrontadora, ou simplesmente chata bagarai.

Bem, entrando no cinema depois de gastarmos bem mais dinheiro que deviamos comprando refrigerantes gigantes na entrada, logo percebemos algo estranho. Tinha um cara sentado umas 3 fileiras atrás da gente que não parava de falar. Primeiro, achei que ele estava com alguém do lado, mas logo olhei pra trás e vi que não era o caso. Depois disso, o filme começou, e eu comecei a prestar atenção no filme, mas o cara não parava de falar. Nesse momento, eu não tava prestando a mínima atenção no que ele tava falando, mas já tava enchendo bastante o saco de todo mundo no cinema. Depois de alguns poucos minutos, olhei para traz e percebi que o cara não tava nem com um celular. E ele não tava falando do filme ou algo assim, pelo menos não de uma maneira minimamente compreensível. O dialogo dele com ele mesmo era algo assim:
"Fuck this shit. Fuck this shit fuck this shit fuck this shit fuck this shit fuck this shit fuck this shit fuck this shit." ele olhava pro lado e aí falava algo diferente mais baixo. A voz dele estava entre angustiada e irritada, mais angustiada e triste quando ele falava mais baixo, e não dava para entender direito, e mais brava quando ele repetia "fuck this shit" umas 20 vezes de cada vez. Quando passam uns 15 minutos de filme, o cara pega sua mochila, e sai do cinema. 5 minutos depois, ele volta, se senta, e começa de novo. fuck this shit fuck this shit fuck this shit man, fuck this SHIT! people .... doing.... fuking.... trust.... fuck this shit, fuckthisshitfuckthisshitfuckthisshitfuckthisshit. O casal atrás da gente era o que mais estava bravo com isso, comentando várias vezes, mas o cara não parecia prestar a menor atenção. Depois de mais uns 20 minutos, o cara já tinha saido e entrado de novo, e o casal foi embora. Mais uns 5 minutos e entra um funcionário do cinema, fala algumas coisas com alguém (assumo que com o cara que tava falando, mas achei estranho que ele foi pro outro lado da fileira), e logo foi embora. O cara que tava falando parou de falar. Mais uns 20 minutos se passam, e alguém vai entrando no cinema, com uma lanterna, que vai direto na minha cara e fica nela por alguns segundos (não foi agradável: a lantera era bastante forte). Depois, o cara que entrou, que era claramente um policial, sobe até a fileira do cara falante e fala "Good evening sir" ao que o homem falante respondel algo que eu não entendi. "Would you please step outside, sir?" ele disse, e juntos foram o cara falante e o policial.

Essa série de eventos foi mais interessante que o filme, eu diria, que é bastante genérico, tem seus momentos, mas é bastante inconsistente e não tem aquele tchans que faz de um filme de terror ser bom, nem é trash pra todo mundo se divertir loucamente. Eu fico pensando quão necessário era realmente chamar um policial pra lá... talvez se o cara não fosse negro no subúrbio majoritariamente branco de Rockville não tivessem chamado. De uma maneira ou de outra, tava bem claro que o cara tava tendo um ataque de nervos, e aqui nos EUA acho que os doidos tendem a ser mais perigosos que em outros lugares. Ou também já sou infectado pela paranóia extrema daqui (realmente é escrota! se percebe nas coisas sutis do dia a dia tanto quanto nos eventos grandes como o vexame dos Mooninites).

Thursday, February 01, 2007


COMO SER IDIOTA

Ontém, durante o dia todo o principal headline nos canais de notícia aqui falavam sobre objetos estranhos sendo achados em Boston, posicionados estrategicamente nos pontos vitais da cidade: estações de ônibus e metrô, pontes de rodovias movimentadas, etc... O dia todo, quando você ligava, logo aparecia alguma notícia sobre esses estranhos objetos que pararam uma das maiores cidades dos EUA por um dia todo. No fim da tarde, começam a mostrar imagens dos tais objetos, além de várias imagens de figuras públicas importantes dizendo que na verdade não eram bombas, e que as investigações feitas pela polícia ainda não haviam achado nenhuma evidência para suspeitar de envolvimento de orgãos terroristas. Aqui está a imagem do tal objeto:

Free Image Hosting at www.ImageShack.us

Sim. É um quadrinho de LED com um desenho de um Mooninite, uma raça de personagens do Aqua Teen Hunger Force, um desenho que começou na internet e depois começou a passar no Adult Swim da Cartoon Network. Eu não espero que todo mundo, ou mesmo 1% das pessoas saibam o que é um Mooninite. Mas... parar uma cidade inteira??? Verdadeiramente uma PARANÓIA DELIRANTE. Parecia uma porra dum Lite Brite!!

O que mais me decepcionou, porém, foi que essas mesmas propagandas estão sendo feitas em várias outras cidades nos EUA, e o pânico foi logo em Boston... Oh, Massachusetts, como você pode me trair assim??? Eu, seu eterno defensor, que tenho MASSY PRIDE tatuado no meu cérebro, e é logo aí que algo tão incrivelmente imbecil acontece? VALEU, HEIN!!

Não que o vídeo seja muito bom, mas aqui um que tem alguns comentários válidos e ainda mostra a estupidez generalizada do time governo idiota + mídia sensacionalista.

O evento na TV
<== na real é mais engraçado ainda que o vídeo cômico.

In other news, hoje o Diego e o Alejandro chegam aqui. DIVERSÃO TOTAL WOO!!