Monday, January 29, 2007

Antes que eu me esqueça:

MARLON DE TERNO


Eu sei que é um tanto quanto palha em comparação ao Márlon de terno, mas aqui uma versão teste de um cover às lendas do Black Metal Sigh, comigo no vocal, Gorath (da bélgica) em todos os outros instrumentos. Ainda tá faltando todos os teclados, clarineta, e outras coisas.

Sigh Tribute Project - At My Funeral
INTRODUÇÃO

Tiop bla bla bla blog bla bla bla Washington DC.

Tomo Primeiro: Que fala sobre os últimos dias, pois quem é mestre do tempo não se importa com cronologia.

Sim, vou começar pelo último sábado! MUAHAHAHA!

Sábado ia ser meu primeiro dia bombante desde que eu tinha chegado em Washington DC. Eu já tinha feito várias coisas feras antes: ido em lojinhas locais, saido com a família do chefe do meu pai, re-encontrado a Tina depois de 5 anos e comprado mais um instrumento de perturbação familiar: uma harpa de boca! Mas hoje eu iria pela primeira vez para lugares em que muitas pessoas se juntam para se divertir e/ou fazer outra coisa importante e se divertir ao mesmo tempo.

O primeiro evento do dia foi o grande protesto no mall (aquela parte central de DC onde estão basicamente todas as coisas famosas de DC) contra a guerra no Iraq. Eu acordei umas 10 e meia pra estar pronto pra pegar o protesto do começo, mas eu tava indo com a minha irmã, e quando eu desci pro quarto dela pra ver como estava a situação, ela ainda tava no meio da Era de Gelo 2 no laptop novo dela. A gente originalmente ia sair aqui do bairro de metrô com 2 amig@s da minha irmã, mas a gente se atrasou e combinou de se encontrar lá. Depois de um tanto de atraso e comida de pães gostosos com queijo e mais um pouco de atraso, saimos, e depois de algum tempo sem saber pra onde ir depois de sairmos do metro perto do Mall, lá chegamos.

Wow! Eu não sabia como era um protesto aqui nos EUA, mas vou dizer que é bem animado, e com muito menos pessoas de uniforme tentando te bater! Claro que isso é pra protesto organizado com permit e tudo, e parece que mesmo assim houve algum conflito, mas eu também nunca ouvi falar de um evento com 500,000 pessoas em que não role pelo menos uma pancadariazinha. De fato, um bom jeito de assegurar que alguém se machuque em um pequeno período de tempo é juntar uma galera imensa dessa em um lugar.

Bem, depois de várias tentativas de permanecer em um lugar fera do protesto com batuques irados (supreendentemente bons mesmo) e simultaneamente acharmos @s amig@s da minha irmã, mas no fim optamos por só acharmos @s tais amig@s, e para fazer o mesmo, tinhamos que ir contra o fluxo da marcha. Isso instigou a piada "Going the wrong way there, buddy" a cada 6 pessoas que nós passavamos e a cada dez o comentário sério "Hey, you're going the wrong way, guys!". Sério mesmo?? Obrigado por me dizer, porque eu não teria percebido AS MILHARES DE PESSOAS QUE ANDAM PARA O LADO EXATAMENTE OPOSTO AO QUE EU ESTOU ANDANDO. Realmente, eu estava me fazendo de otário! Eu tenho que ver um médico sobre esses meus calculadores de profundidade e movimento.

Encontramos então a galerinha descolada que compõe o grupo de amig@s da minha irmã na escola, variando de gatinhas gente fina que gostam de deep purple até gatinhas gente fina que gostam de deep purple, passando por um bicho gente fina que toca guitarra e mora bem do lado da minha casa. Em outras palavras, um grupo supimpa! No fim ainda ficamos perto de uma galera mandando uma batucada maneira, tocaram de tudo, até mesmo um mambo! Super diversão 100% amizade.

Enquanto o resto da marcha não chegava no lugar proposto, a galera que já havia chegado se acomodava e continuava batucando e dançando com hippies ou recebendo jornal de hippies ou, no nosso caso, sentando em chão congelado e conversando sobre qqer coisa aleatória. Eu não sei se mencionei antes, mas o dia tava bem quente, o bastante pra eu não precisar de casaco nem nada, até ficar com calor, mas foi ficando lentamente mais frio, e uns 10 minutos depois deu ter sentado no chão percebi que minha bunda estava com muito, muito frio. Fiz o mais lógico e peguei um jornal de hippie e sentei nele, dando os outros jornais aleatórios da juventude combativa marxista vermelha operária neoconstrutivista pras outras pessoas sentarem. Apesar desse sistema eficaz e belo de reciclagem para o bem comum e especialmente o bem da minha bunda, o dano já havia sido feito: a maioria de vocês devem saber isso já, mas eu tenho alergia a frio, e mesmo com o jornal hippie esquentando o meu traseiro com seu amor galáctico, ainda assim tive alergia localizada em ambas as nádegas. Mas tudo bem: a única coisa que eu sinto quando eu tenho alergia a frio é que o lugar que tá tendo parece estar em cima de um fogão, fica bem quente mesmo, e também a pele fica um pouco mais dura. Então fiquei andando pelo centro de washington com uma bunda alérgica, dura e quente, e comendo um pretzel gigante que um cara que berrava "Pretzels!! 2 for 5!!" vendia de seu excelente stand (um carrinho de supermercado). Antes de chegarmos no metro (tinhamos decidido ir embora), vimos moleques andando de bicicleta e skate, e comentei do meu recente episódio em que havia ralado o meu pé no asfalto enquanto andava de skate de sandália. O Marty, o tal cara que toca guitarra e mora a 3 minutos andando na neve da minha casa, respondeu com uma história melhor ainda, relatando que ele já havia se machucado seriamente correndo a pé num half pipe! Eu mesmo sou um fã de carteirinha do desconhecido esporte de correr a pé num half pipe, e não pude deixar de sentir admiração por alguém que havia dado tanto sangue a essa formidável arte.

Bem, chegando ao metrô, cada um vai em sua direção, indo de volta para casa... MAS NÃO EU!! Sendo muito mais descolado que a minha irmã e todos os comparsas dela juntos, eu já tinha festanças a ir logo após o protesto, e, depois de me despedir dessa galera, fui me aventurar pela primeira vez pelo lado sul de DC e por Virginia. Para quem não sabe, apenas uma parte da região metropolitana de Washington fica em DC, boa parte fica no norte de Virginia e no sul de Maryland (eu moro dentro de DC mas bem na fronteira com Maryland). O lugar que eu me destinava era em Arlington, em Virginia, e aparentemente bem do lado da estação de Metrô, o que deixava tudo mais fácil. De fato, era bem perto da estação de metrô, mas não foi tão fácil assim achar o lugar porque não era tão extremamente perto do metrô quanto fui levado a acreditar, mas depois de uns 15 ou 20 minutos procurando achei o lugar que eu ia.

Bem, quando eu disse que eu era mais descolado porque ia pra festança, talvez tivesse exagerando um pouco, pois esse primeiro evento que eu fui, em um bar chamado Dr. Dremo's era basicamente um encontro de nerds vendendo quadrinhos e coisas aleatórias e mais quadrinhos, apesar do pretensioso nome "DC Counter Culture Festival". De uma maneira ou de outra, um evento muito agradável, onde pude adquirir vários items nerdísticos e conversar com quadrinistas, pessoas aleatórias, designers, e até um cara de 18 ou 19 anos que faz artesanato de vidro e vende em lugares aleatórios como uma feirinha de quadrinhos. Destaque entre as tranqueiras que eu comprei:

Free Image Hosting at www.ImageShack.us

Bem, apesar de tanta gente bonita e transada para conhecer e tantas coisas que deixavam minha carteira mais leve, comecei a ficar entediado lá porque ainda iam demorar umas 2 horas até começar os shows que iam rolar lá, então decidi ir pro outro evento em conjunto que ia ter lá, uma exposição de arte com shows e outras coisas de entretenimento chamada FLUX, que ficava a uns 5 ou 6 quarteirões de distância. O caminho foi fácilitado pelo fato que os organizadores de ambos os eventos decidiram marcar o caminho para o seu respectivo evento em giz na calçada. A tal exposição de arte era até interessante, e enquanto estive lá pude presenciar uma apresentação de "dança aérea" (tiop isso) e também uma banda até legal que eu esqueci o nome.

Bem, tudo isso tava supimpa, mas eu não comia nada desde o café da manhã e já passavam das 9, então decidi achar algum lugar bom e barato pra comer do lado de fora, mas eis que logo no estacionamento do FLUX tem um sistema de som e 3 rappers fazendo freestyle para a alegria geral de todos que assistiam (menos de 10 pessoas, mas mais que 6.) Realmente os 3 tavam mandando bem, até mesmo o que cara que além de ser branco ainda parecia meio emo. O som foi cortado pq a galera do lado de dentro do FLUX falou que tava atrapalhando a apresentação lá dentro e que era pra esperar acabar pra eles começarem de novo, então decidi achar a tal coisa boa e barata, que acabou sendo uma pseudopizza que pelo menos era barata, e servida por um cara indiano engraçado que me desejou um ótimo fim de semana umas 20 vezes.

Decidi voltar pro FLUX para ver se o som dos rappers tinha voltado, mas não tinha e em vez disso eu me enturmei com os bichos. Além de bons rappers, eram gente fina bagarai, e me deram várias recomendações para onde ir fazer coisas em DC e falaram que eu tinha que ir fazer rap em português no estúdio dos bichos (que ficava a uns 20 metros de distância do tal FLUX). Eles tem um selo über-independente chamado FARC ou Fuck a Record Company. Aí no site não tem material de 2 dos rappers fazendo freestyle no sábado, mas o que tem mais do que compensa essa falha: o mathpanda é um grupo bastante interessante apesar do vocal cantado feminino que é algo que sempre me assusta em rap, mas é até bem executado aqui, o metaphysical tem várias idéias boas mas várias coisas ruins e o C-Rex é algo que tem que ser visto. Não passe mais um dia sem ver o clipe do C-Rex! Boa parte do meu entretenimento desde sábado veio de ver esse clipe e o resto do site dele repetidas vezes. Pra quem precisa de uma introdução, a idéia do projeto é fazer uma paródia de Rap Pop festeiro Gangsta. O site é engraçado, as letras são ótimas, e o vídeo é mais hilário que um texugo de cartola, por razões que ficarão óbvias quando você ver a cara do tal C-Rex.

Infelizmente, a noite foi cortada cedo. Fui voltar para o Dr. Dremo's, o bar onde estava rolando o encontro nerdístico descolado, mas quando cheguei lá vi o meus planos ruindo com algumas poucas palavras escritas em um papel grudado com durex na parede: "Tonight 21 and over only have ID ready". Eu tentei com toda minha lábia e sotaque falso de brasileiro convencer o cara a me deixar entrar, eu disse que eu só ia pra parte de trás onde só tinham nerds afinal... mas no fim tive que desistir quando o cabeludo/careca de jaqueta de couro da porta disse com uma voz horrivelmente triste e um sotaque do sul bem puxado "I could ask them inside, but they'll just prolly scream at me." Por isso deixei, infelizmente, de ver um nerd de casaco fazendo rap sobre clones mutantes fazendo sexo, e umas outras bandas também.

Apenas mais um evento notável nesse dia: na minha volta, no metrô, enquanto eu lia calmamente o último do Salman Rushdie, uma mulher começa a gritar "Watch out everyone, he's playing with himself, he wants an audience!!". Infelizmente não era um músico corporal que decidiu levar sua arte até as ruas, mas sim um cara aleatório que realmente estava de pau na mão na cadeira oposta a minha. Isso foi logo antes do metrô parar numa estação, então ele botou seu bilau pra dentro, fechou o zipper e saiu correndo antes de alguém decidir vingar a jovem e indefesa asiática que tinha visto o pau dele (pois eu sei que ninguém lá ia querer vingar o gordo e barbudo mas também indefeso diogo que também viu o pau dele).

Nota sobre minha harpa de boca e a loja em que a comprei:

A minha mãe tinha falado sobre uma loja pertinho da minha casa que tinha coisas legais chamada House of Musical Traditions. Logo que passei lá na frente pela primeira vez, vi que realmente tinham coisas legais: banjos e bandolins pendurados na parede, CDs de country antigo apoiados na janela, harpas e djembes, flautas e até uma cítara. Mas não consegui abrir a porta. O mesmo aconteceu na segunda vez que eu passei lá na frente, mesmo tendo notada estranhamente que estava em horário de funcionamento e que tinha uma pessoa lá dentro. Tentei mais uma porta e nada. Na terceira vez que passei lá, achei a porta certa, e entrei lá dentro. Fui imediatamente surpreso, pois tinham dois brasileiros falando português, e logo que um dos tais brasileiros saiu, o outro, evidentemente um funcionário, falou "How can I help you?", ao que logo respondi que era Brasileiro também. Bem, to make a long story short, o cara não apenas era brasileiro e trabalhava na loja de música irada, como era de Pernambuco e (TAN-DAM) fazia throat singing tuvano!!! Na real, não devem ter mais de 100, 200 brasileiros no mundo que fazem throat singing tuvano, e por acaso no meu segundo dia nos EUA eu conheço um?? Bizonho.

Bem, depois de enchermos o saco de uma galera lá fazendo throat-singing, eu comprei uma harpa de boca azul mui bela e fui-me feliz e contente tentando tocar a harpa de boca pela rua, sem ter nenhum êxito. Isso porque estava tentando tocar completamente errado, já que faziam anos que eu não via alguém tocar uma então não lembrava mais como era. Logo que chego em casa procuro no google "how to play a mouth harp" e entro no primeiro site que aparece. Depois de uns 10 minutos em que aprendi a tocar a harpa de boca, percebi que o site era EXATAMENTE O SITE DA LOJA QUE EU TINHA ACABADO DE SAIR!! Esse tipo de coisa tinha que ter um significado óbvio e imediato, que saisse escrito em um cheque gigante que caisse do teto junto com confeti e música festiva tocada em tarois e trompetes.

É isso.